A faixa exclusiva para motociclistas, uma experiÄ™ncia inédita no paÃs que será testada a partir hoje na avenida Sumaré (zona oeste de Săo Paulo), já provoca divergÄ™ncia entre motoristas, em sua maioria contrários Å• medida, e motoqueiros, favoráveis Å• sua expansăo. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a escolha da Sumaré como primeira experiÄ™ncia da faixa exclusiva para motos ocorreu porque a via reunia os fatores favoráveis. "Primeiro, năo tÃnhamos investimento para grandes recursos em obras, e a Sumaré tinha espaço suficiente para manter o mesmo número de faixas fazendo apenas o projeto de máxima utilizaçăo do leito viário", diz Roberto Scaringella, presidente da CET. A avenida tem baixa circulaçăo de motos -săo cerca de 300 por hora nos horários de pico, contra 1.500 na avenida 23 de Maio, por exemplo. O teste durará seis meses. A velocidade máxima na Sumaré diminuirá de 70 km/h para 60 km/h, para motos e carros. Os carros năo poderăo invadir a faixa, sob pena de multa de R$ 127 e perda de cinco pontos na carteira de habilitaçăo. O taxista Juscelino de Souza duvida que os motoqueiros respeitem a faixa, já que poderăo circular livremente nas demais. "Tomaremos multa se invadirmos a faixa exclusiva, mas eles poderăo entrar na dos carros." Na opiniăo da juÃza de direito Cristina Escher, a faixa "só vai tirar espaço dos carros". Já o motoboy Marcio Antonio da Silva defende a medida. "Acho que deveriam fazer também em outras grandes avenidas e até na marginal", diz . A faixa exclusiva, porém, é apenas o plano "B" da CET para reduzir o número de acidentes com motos em Săo Paulo. A opçăo prioritária é outra, mais econômica: a expansăo da faixa preferencial, năo-obrigatória e considerada um fracasso por técnicos ouvidos pela Folha. Por falta de espaço fÃsico nos grandes corredores e de recursos financeiros -a obra custou R$ 200 mil-, a experiÄ™ncia da faixa exclusiva por ora deve ficar restrita Å• Sumaré. Já a faixa preferencial, batizada de Faixa Cidadă, deve se estender a outros trechos além dos corredores Consolaçăo-Rebouças-Eusébio Matoso, em operaçăo desde 24 de julho deste ano. "Faixa privativa em todos os corredores é inviável", disse Scaringella. Scaringella cita as avenidas 23 de Maio e Rebouças como vias em que, dado o alto movimento e as faixas estreitas, é impossÃvel criar espaços exclusivos para motos sem grandes intervençőes -a alternativa passa a ser a Faixa Cidadă. Na avaliaçăo de técnicos ouvidos pela Folha, entretanto, priorizar a faixa preferencial em vez da exclusiva é um erro da CET. E a faixa exclusiva deveria funcionar em corredores onde há mais movimento. "Os motoristas simplesmente ignoraram, porque, caso ficassem na faixa que lhes foi destinada, a velocidade cairia muito", disse Jaime Waisman, professor de transporte público da Escola Politécnica da USP. "Se năo houver a legislaçăo por trás, a faixa preferencial tende a se tornar inócua", diz LuÃs Antônio Seraphim, consultor da área de trânsito que idealizou, em 2000, a faixa exclusiva para motocicletas. Segundo Scaringella, 20% dos motociclistas usam a Faixa Cidadă. Hoje, Săo Paulo conta com 530 mil motos, 76% a mais que a frota de 1997. Em 2005, 345 motociclistas morreram em acidentes, segundo a CET. |